quarta-feira, 30 de março de 2016

O paradoxo do pretérito imperfeito complexo com a teoria da relatividade da music very good e porreta dos Mamonas Assassinas

Há 20 anos, um acidente aéreo interrompia a meteórica e promissora carreira de cinco jovens de Guarulhos, São Paulo. No dia 2 de março de 1996, os jovens Dinho, Bento Hinoto, Júlio Rasec e os irmãos Samuel e Sérgio Reoli, deixaram de apresentar a “music very good e porreta” dos Mamonas Assassinas pelo país. A tragédia vitimou também o piloto e o copiloto do avião, além do roadie e do segurança da banda.

O primeiro e único álbum do grupo chegou às lojas em 23 de junho de 1995. Rapidamente o punk rock, com influências de pagode, sertanejo, brega e outros estilos chegou aos quatro cantos do país e tornou os jovens conhecidos nacionalmente. Intitulado “Mamonas Assassinas”, o disco vendeu quase 3 milhões de cópias em menos de um ano.


Único álbum do grupo vendeu quase 3 milhões de cópias em menos de um ano


















As músicas, cheias de duplo sentido e palavrões, também vinham carregadas de críticas sociais, como podemos observar em “1406” e “Chopis Centis”. Ou ainda em “Robocop Gay”, mais precisamente no trecho “ontem, eu era católico, hoje, eu sou um gay” em que o grupo questiona a relação entre a Igreja e a homossexualidade. Mas isso é assunto pra outra hora...

Agora, o importante é entender o que os Mamonas queriam dizer com “um paradoxo do pretérito imperfeito complexo com a teoria da relatividade”. Primeiramente, levemos em consideração que o pretérito imperfeito “exprime ações que dão a ideia de não estarem concluídas no passado”. A teoria da relatividade, segundo Einstein, afirma que tempo e espaço são relativos.

Ou seja, a curta carreira dos Mamonas não acabou naquele 2 de março de 1996. Ainda hoje, o único disco da banda figura entre os 10 mais vendidos no Brasil, além de ser o que mais vendeu em menor tempo (recorde mundial). Músicos famosos fizeram referências à banda em suas letras. Lenine, em “Todas Elas Juntas Num Só Ser” e Gabriel o Pensador, em “Festa da Música Tupiniquim” são dois exemplos. Clubes de futebol parodiam “Pelados em Santos” e até escolas de samba já homenagearam os jovens de Guarulhos, levando-os como tema central à avenida.

Por essas e outras, Mamonas, “vocês não sabem como parte um coração” não poder vê-los mais aos domingos no Faustão. “Vocês não sabem como é frustrante” saber que poderiam e iriam mais adiante. “Vocês não sabem como eu fico chateado” saber que o que nos resta agora é apenas um legado...

Ouça "Mamonas Assassinas", de 1995: