Após
quase uma década, a Pepsi trouxe de volta os famosos limões falantes, que não
apareciam em um comercial na televisão desde 2007. Na nova campanha
publicitária, criada pela agência AlmapBBDO, Bruno Mazzeo e Lúcio Mauro Filho
são os dubladores dos limões novamente. A propaganda, veiculada na TV e na
internet, questiona “um
mundo cheio de chatices, cheio de ‘não pode isso, não pode aquilo’”.
Talvez a Pepsi tenha razão. O racismo, o machismo e a homofobia
deixaram o “mundo chato”. Talvez o negro, a mulher e o gay devessem continuar
na senzala, na cozinha e no armário, respectivamente; para continuarmos vivendo
em paz (afinal, antes do conhecimento desses termos, o mundo era perfeito).
Talvez o “mimimi” desses grupos não tenha sentido. Talvez. Se estivéssemos em
1812. Talvez...
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Arte do chargista Matheus Ribs |
Apesar de estarmos em 2016 e essas minorias terem cada vez mais
voz, não apenas na internet, o
preconceito ainda continua presente na publicidade. Seja ele de raça, gênero, opção sexual ou qualquer outro. O
machismo, quesito indispensável em propagandas de cerveja, é veiculado em
praticamente 100% das campanhas publicitárias de tal produto. Do “Vai, Verão” e
“Vem, Verão”, da Itaipava ao “Esqueci o ‘não’ em casa”, da Skol. Todas elas têm
como foco a objetificação da mulher.
A Pepsi, com “o mundo anda chato”, desmerece a luta de negros,
mulheres, gays e outras minorias, que, diariamente, combatem o preconceito. A
marca não entende que “agora, imagina se a gente fosse ligar para o que falam
da gente!?” afeta todos esses grupos que nunca tiveram voz em nossa sociedade e
os força a acreditar que devam aceitar calados tudo o que lhes é dito.
Em um mundo de Gentilis e Aquele Que Não Deve Ser Nomeados, pouca
coisa tem nos surpreendido hoje em dia, é verdade. A maioria é que se
surpreende ao fazer um comentário racista, machista ou homofóbico e logo ser
retrucado, graças ao “mundo chato”. Mundo esse, que não anda chato. Ao
contrário da publicidade, que anda e sempre andou preconceituosa.