sexta-feira, 3 de abril de 2015

Não, Eduardo. Amanhã não será melhor...

Eduardo de Jesus Ferreira. Dez anos de idade. Negro. Morador do Complexo do Alemão. Apenas mais um a entrar na estatística. Apenas mais uma vítima da PM covarde. Apenas mais uma vítima do sistema. Apenas mais uma criança que tem seus sonhos interrompidos graças à repressão policial que ocorre diariamente nas favelas.

Nesta quinta feira, 2, Eduardo foi brutalmente assassinado por um policial militar do batalhão de choque da PM. O garoto foi baleado na cabeça na porta de sua casa e morreu imediatamente.

Eduardo não é o primeiro e nem será o último a ser assassinado na favela. Frequentemente (quando a mídia julga necessário), se tem notícia de que a Polícia matou inocentes (em sua maioria negros e jovens) apenas e unicamente pelo fato de serem moradores da favela. Quem não se lembra do caso de Alan de Souza Lima? O jovem de 15 anos teve sua morte filmada pelo próprio celular na Favela da Palmeirinha.

Quantos Eduardos e Alans precisam ser mortos diariamente para deixarem de ser apenas estatísticas? Quantos Eduardos e Alans precisam ser mortos diariamente para virarem notícias? Quantos Eduardos e Alans precisam ser mortos diariamente para discutirmos a desmilitarização da Polícia? Dia após dia, nossa PM se mostra racista e preconceituosa e ninguém se importa, pois essas mortes já se tornaram comuns aos nossos olhos. A morte do negro na favela deixou de ser notícia e passou a ser fato.

Segundo sua mãe, Terezinha, Eduardo sonhava em ser bombeiro e ajudar o próximo. Ironicamente morreu vítima de quem deveria sempre nos estender a mão. Triste pensar que, na dúvida entre atirar ou não no negro, a Polícia sempre opta pela primeira opção. Lamentável ver que nosso País só anda para trás, vide a PEC que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos. Impossível sonhar com um futuro melhor diante de tanta injustiça e covardia.

Vá em paz, Eduardo. Vá iluminar aqueles que direta ou indiretamente são o culpado de sua partida. Peça muita luz e paz à caminhada desses, pois são os que mais precisam. Por aqui, continuaremos esperando que amanhã seja melhor. Prometo. Mas não hoje, Eduardo. Amanhã, infelizmente não será melhor.



Imagem: Larissa Campos

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