terça-feira, 7 de abril de 2015

Ser jornalista, ser “jornalista” e ser humano

Hoje, 7 de abril, é comemorado o Dia do Jornalista. Instituída pela ABI (Associação Brasileira de Imprensa), a data homenageia o médico e jornalista Líbero Badaró. Vindo da Itália em 1826, três anos mais tarde, fundou o periódico Observador Constitucional, no qual denunciava o abuso de poder do Império, à época de D. Pedro I. Badaró foi morto por inimigos políticos em São Paulo em 22 de novembro de 1830. O movimento popular gerado por sua morte levou à abdicação de D. Pedro I no dia 7 de abril de 1831. Um século depois, em 1931, 7 de abril foi instituído como o Dia do Jornalista.

Antes de mais nada, é preciso entender a diferença entre ser jornalista e ser “jornalista”. Ser jornalista não é considerar compreensível a atitude de justiceiros ao amarrarem um menor de idade em um poste. Isso é ser “jornalista”. Ainda mais quando sua fala, em rede nacional, provoca mais casos de “justiça com as próprias mãos” em todo o Brasil. Ou quando, decorrente de um boato na internet, uma mulher é linchada e morre após ser acusada de seqüestrar crianças para utilizá-las em ritual de magia negra.

Ser jornalista não é apresentar um programa de televisão de cueca. Isso é ser “jornalista”. Para um programa tão sensacionalista quanto o “Brasil Urgente”, que vive de explorar a desgraça alheia (inclusive com imagens de mortos como se fossem lixo), aparecer de cueca em rede nacional é mero detalhe. Acusar sem provas e distorcer os fatos afim de ter audiência é o objetivo de Datena e sua trupe, que já conquistou seu espaço na televisão brasileira há anos.

Ao afirmar que “o homem é o lobo do homem”, Thomas Hobbes nos propõe uma reflexão: sendo o jornalista um formador de opinião, ele deve expor o seu pensamento em um veículo de comunicação, mesmo que esse gere conseqüências graves como os casos de “justiça com as próprias mãos” ocorridos em 2014?


Sabendo que temos desejos e necessidades semelhantes e que é natural o conflito entre nós, o jornalista deve se lembrar que mais vale uma noite bem dormida do que uma noite com insônia pensando em como explorar a desgraça alheia no dia seguinte e atingir a liderança na TV.




Foto: Reprodução

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